Seminovos e usados

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Mora no Rio de Janeiro. Carioca adotivo, faz umas coisas por aí e já quis escrever com alguma disciplina, razão de ser desse blogue.

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No cabeçalho do blogue são três britânicos vasculhando os destroços da biblioteca de Holland House, em Londres, outubro de 1940, após bombardeio alemão. Nove em cada nove espíritos elevados concordam que entre uma bomba e outra há sempre espaço para uma flûte de champagne, um passeio de olhos em prateleiras repletas de livros e uma boa leitura. Sem dúvida.

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quarta-feira, julho 18, 2007

BOLETIM DO PAN II

'OS HERÓIS DOS HERÓIS DO PAN'

Sentado na área destinada aos nadadores, o atleta boliviano Choclos Menendez, de 23 anos, exprime em seu rosto uma tranqüilidade incomum em competições de nível internacional. Caminha de um lado para outro acompanhado de seu tocador de MP3 e, entre movimentos que se assemelham aos de aquecimento só que malfeitos, deixa levemente aberto seu roupão na tentativa de flertar com jornalistas que cobrem o evento e mulheres que assistem às provas da arquibancada. "É chato ficar esperando entre uma prova e outra" - afirma enfadonhamente - "distraio-me como posso". Choclos irá disputar um total de oito provas, não passará da fase eliminatória em nenhuma delas e é o típico exemplo de uma categoria de atletas que não costuma desfrutar de reconhecimento pelo público, mas que são fundamentais para a consagração dos destaques da competição: os heróis dos heróis do Pan. Além de uma alimentação balanceada e uma preparação física e psicológica intensa, essa legião de atletas que jamais vencerá qualquer prova é parte do que é preciso para se fazer um vencedor. Entretanto, a atitude despreendida dessa turma nem sempre é reconhecida por quem acompanha os eventos desportivos. "Estou acostumado. Até minha mãe se envergonha de meu desempenho esportivo. Diz para todos que trabalho com vendas e que viajo muito por causa disso"- declara Choclos, resignado. "Somos imprescindíveis para que haja os vencedores, mas não somos valorizados por isso", desabafa. Indagado sobre o que o mantém motivado para prosseguir competindo em meio a tamanho descrédito, ele prontamente afasta qualquer dúvida sobre a convicção de fazer o que é certo: "Está maluco? E perder as viagens com a delegação? Estou no Rio, praticamente a passeio, bancado pelo Comitê Olímpico Boliviano. Quer mais?". E ainda revela um pouco da intimidade do que acontece na Vila Panamericana - "Além disso, estou passando o rodo lá na Vila. As americanas e canadenses adoram um sul-americano exótico". Sorri malicioso enquanto abre um pouco seu roupão e exibe o tórax para mim.