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Manhã
quase tarde
vizinho
porteiro
o chef de cozinha
sensei
verdureiro
meus pães
esses rostos
milhares de laranjeiras
nos rostos
de dia
no ponto
meninos
meninas
mordazes
da escola
bom dia
de pressa
e desprezo
meu troco
piloto
depressa
que é tarde
nos passos de dentro
de fora
vai lento
o dia
janela
vai vento
que entra
nos ferros
assentos
nos rostos
vazios
em volta
os surdos e mudos
falando aos gritos
quatro vinte e dois nove oito
que fome desnecessária
tão perto da praça
são salvador
tão junto
delícias
do largo
do machado ao largo
onde subiu um moço
e subiu o medo
do assalto
outro dia foi com a vizinha
e conheço um conhecido de um conhecido que aconteceu
[também...
cacete
o catete
da morte do presidente
acolhe o moço
que desce
alívio...
mas teve a moça!
roubaram a moça!
o telefone
ô sorte!
esse palácio no meu caminho
jardins no fundo
quase me esqueço
do compromisso
de todos nós
e de novo é tarde
quatro nove oito vinte e dois
ali na glória
de nossa senhora do outeiro
vigiando o mar
e as avenidas
os monumentos
longe os pracinhas mortos
ao lado a praça paris
o passeio
ficando pra trás
correndo
pára!
não pára não, moço
eu quero descer!
tá fora do ponto
pronto
tá no obelisco da rio branco
onde houve cavalos
e um monroe que não há mais
depois giramos
à sombra dos aviões
entrando no fim do aterro
embaixo no mergulhão
está escuro para se ler
para fugir
de tudo que vai lá fora
daquilo que vai por dentro
é quase o instante
da candelária
dobrar o angelus
vão-se nas barcas
vão-se na praça
quinze almas penadas
quinze apenados
mas o ar invade
o respirar
a marinha
o banco
a igreja
o branco do dia
das ordens
obrigações
nesses prédios
que são cidade
como é cidade
os que descem
os que ficam para seguir
para onde
não sei
não vou saber
nunca
se sabe além
daquilo
que mal se vê.
quase tarde
vizinho
porteiro
o chef de cozinha
sensei
verdureiro
meus pães
esses rostos
milhares de laranjeiras
nos rostos
de dia
no ponto
meninos
meninas
mordazes
da escola
bom dia
de pressa
e desprezo
meu troco
piloto
depressa
que é tarde
nos passos de dentro
de fora
vai lento
o dia
janela
vai vento
que entra
nos ferros
assentos
nos rostos
vazios
em volta
os surdos e mudos
falando aos gritos
quatro vinte e dois nove oito
que fome desnecessária
tão perto da praça
são salvador
tão junto
delícias
do largo
do machado ao largo
onde subiu um moço
e subiu o medo
do assalto
outro dia foi com a vizinha
e conheço um conhecido de um conhecido que aconteceu
[também...
cacete
o catete
da morte do presidente
acolhe o moço
que desce
alívio...
mas teve a moça!
roubaram a moça!
o telefone
ô sorte!
esse palácio no meu caminho
jardins no fundo
quase me esqueço
do compromisso
de todos nós
e de novo é tarde
quatro nove oito vinte e dois
ali na glória
de nossa senhora do outeiro
vigiando o mar
e as avenidas
os monumentos
longe os pracinhas mortos
ao lado a praça paris
o passeio
ficando pra trás
correndo
pára!
não pára não, moço
eu quero descer!
tá fora do ponto
pronto
tá no obelisco da rio branco
onde houve cavalos
e um monroe que não há mais
depois giramos
à sombra dos aviões
entrando no fim do aterro
embaixo no mergulhão
está escuro para se ler
para fugir
de tudo que vai lá fora
daquilo que vai por dentro
é quase o instante
da candelária
dobrar o angelus
vão-se nas barcas
vão-se na praça
quinze almas penadas
quinze apenados
mas o ar invade
o respirar
a marinha
o banco
a igreja
o branco do dia
das ordens
obrigações
nesses prédios
que são cidade
como é cidade
os que descem
os que ficam para seguir
para onde
não sei
não vou saber
nunca
se sabe além
daquilo
que mal se vê.