Seminovos e usados

EM TENTATIVA

Pessoal

Mora no Rio de Janeiro. Carioca adotivo, faz umas coisas por aí e já quis escrever com alguma disciplina, razão de ser desse blogue.

A Foto

No cabeçalho do blogue são três britânicos vasculhando os destroços da biblioteca de Holland House, em Londres, outubro de 1940, após bombardeio alemão. Nove em cada nove espíritos elevados concordam que entre uma bomba e outra há sempre espaço para uma flûte de champagne, um passeio de olhos em prateleiras repletas de livros e uma boa leitura. Sem dúvida.

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quinta-feira, agosto 11, 2011

422/98

Manhã
quase tarde
vizinho
porteiro
o chef de cozinha
sensei
verdureiro
meus pães
esses rostos
milhares de laranjeiras
nos rostos
de dia
no ponto
meninos
meninas
mordazes
da escola
bom dia
de pressa
e desprezo
meu troco
piloto
depressa
que é tarde
nos passos de dentro
de fora
vai lento
o dia
janela
vai vento
que entra
nos ferros
assentos
nos rostos
vazios
em volta
os surdos e mudos
falando aos gritos

quatro vinte e dois nove oito

que fome desnecessária
tão perto da praça
são salvador
tão junto
delícias
do largo
do machado ao largo
onde subiu um moço
e subiu o medo
do assalto
outro dia foi com a vizinha
e conheço um conhecido de um conhecido que aconteceu
[também...
cacete
o catete
da morte do presidente
acolhe o moço
que desce
alívio...
mas teve a moça!
roubaram a moça!
o telefone
ô sorte!
esse palácio no meu caminho
jardins no fundo
quase me esqueço
do compromisso
de todos nós
e de novo é tarde

quatro nove oito vinte e dois

ali na glória
de nossa senhora do outeiro
vigiando o mar
e as avenidas
os monumentos
longe os pracinhas mortos
ao lado a praça paris
o passeio
ficando pra trás
correndo
pára!
não pára não, moço
eu quero descer!
tá fora do ponto
pronto
tá no obelisco da rio branco
onde houve cavalos
e um monroe que não há mais
depois giramos
à sombra dos aviões
entrando no fim do aterro
embaixo no mergulhão
está escuro para se ler
para fugir
de tudo que vai lá fora
daquilo que vai por dentro
é quase o instante
da candelária
dobrar o angelus
vão-se nas barcas
vão-se na praça
quinze almas penadas
quinze apenados
mas o ar invade
o respirar
a marinha
o banco
a igreja
o branco do dia
das ordens
obrigações
nesses prédios
que são cidade
como é cidade
os que descem
os que ficam para seguir
para onde
não sei
não vou saber
nunca
se sabe além
daquilo
que mal se vê.