Seminovos e usados

EM TENTATIVA

Pessoal

Mora no Rio de Janeiro. Carioca adotivo, faz umas coisas por aí e já quis escrever com alguma disciplina, razão de ser desse blogue.

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No cabeçalho do blogue são três britânicos vasculhando os destroços da biblioteca de Holland House, em Londres, outubro de 1940, após bombardeio alemão. Nove em cada nove espíritos elevados concordam que entre uma bomba e outra há sempre espaço para uma flûte de champagne, um passeio de olhos em prateleiras repletas de livros e uma boa leitura. Sem dúvida.

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sábado, dezembro 31, 2011

CONDE DE BONFIM (Parte 3)

Eu queria não desencantar. Sabe como? Viver um desses tipos de esperança que não dá pra gente evitar mesmo querendo, porque vai pegando, ocupando espaços, vai se impondo como quem grita “não tem jeito! o jeito é esse! viver, se permitir, se abrir para as possibilidades, para não perder a vida enquanto se esperar a vida chegar”. Só que fica essa coisa corroendo que não deixa. Esse acontecer que é hoje, que acontece dentro, que diz que todo o tempo é vivido no presente, que estamos sempre vivendo o que precisávamos viver. Que por causa disso nenhum tempo é perdido, é o que foi. Inevitável assim. Eu queria não lembrar. Queria não sentir. Mentira! O que eu não quero é sentir o que não posso viver. O que eu não quero é sentir medo. Eu quero confiar de novo. Eu quero amar e ser amado. Ficar de pau duro e gozar sem medo. Enxergar de novo você sorrindo, feliz. Quero reescrever a história. Escrever a história. Ser um desses autores que conhecem tintim por tintim onde vai dar o romance que estão escrevendo. Ser mais parecido com essas pessoas que determinam seus destinos na base de força de vontade hercúlea e de universos que conspiram a seu favor. Queria ser um desses caras que vivem quebrando as próprias regras, pegar o telefone e ligar, ouvir sua voz e desejar “Feliz Ano-Novo!”. Desejar com sinceridade, ou fingir bem o suficiente para fazer você acreditar e com isso sentir você sorrindo do outro lado do telefone. Queria jogar para o alto o orgulho, a vaidade, a raiva, a tristeza acumulada. Tacar fogo no que tem de próprio no amor-próprio, para ficar somente com a palavra amor e chamar você para sair, refazer o desfecho da nossa história. Convidar você para quando der meia-noite saltarmos sete ondas e para cada uma delas pedirmos de volta a coragem de amar, perdoando os erros de cada um e perdoando a nós mesmos também. Tomar champagne, sair de mãos dadas, tantos e tantos beijos e palavras doces e desejos que estão guardados esperando que um revéillon de coragem e amor exploda em algum lugar dentro de mim e de você. Eu queria o reencanto. Ou que um querer apenas fosse suficiente. Pois é... Feliz 2087.