Seminovos e usados

EM TENTATIVA

Pessoal

Mora no Rio de Janeiro. Carioca adotivo, faz umas coisas por aí e já quis escrever com alguma disciplina, razão de ser desse blogue.

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No cabeçalho do blogue são três britânicos vasculhando os destroços da biblioteca de Holland House, em Londres, outubro de 1940, após bombardeio alemão. Nove em cada nove espíritos elevados concordam que entre uma bomba e outra há sempre espaço para uma flûte de champagne, um passeio de olhos em prateleiras repletas de livros e uma boa leitura. Sem dúvida.

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quinta-feira, julho 26, 2007

BOLETIM DO PAN IV

'PANEGÓCIOS'

Ninguém duvida que os Jogos Pan-americanos criam inúmeras oportunidades de geração de renda na cidade. Por toda parte, o empreendedorismo do carioca faz surgir novas modalidades de negócios. Nos arredores do estádio do Maracanã, Valdyr dos Santos, 40 anos, camiseta regata, bermudas e chinelos de borracha, oferece seus serviços às pessoas que caminham na direção do outrora maior do mundo: “Olha o ingresso! Olha o ingresso da final! Olha o ingresso do bom!”. Pergunto se o Pan tem sido bom para os cambistas. “Não sou cambista. Sou facilitador do acesso pelo público a ingressos não mais disponíveis por meios oficiais”. Ante minha curiosidade sobre a diferença entre sua atividade e a dos cambistas, ele esclarece: “Não sei. Nunca fui cambista. Trabalhava numa multinacional, mas vislumbrei no Pan a chance de começar meu próprio negócio. –Olha a Arquibancada! Arquibancada a cento e cinqüenta!”. Um turista americano se aproxima interessado nos ingressos. Atento à oportunidade, Valdyr informa : “Arquibancada? Duzentos! Two hundred!”. Vende dois ingressos. Alego que cobrar ágio em cima de turistas todo cambista faz e ouço de bate-pronto: “Não é ágio. É segmentação! Promovo uma diferenciação seletiva entre consumidores, agregando valor ao produto final que oferto no mercado!”. E, sem esperar minha próxima pergunta, dá provas de que entende do mercado em que atua. “Foi bom falar com você, mas pode dar licença? Meu departamento de marketing numa opinion poll recente concluiu que a discrição é um valor corporativo muito apreciado por minha clientela. Jornalista perto atrapalha”. Antes responde à minha última pergunta: “Polícia? Até aparece de vez em quando. Mas o problema deles é com cambista. E meu planejamento estratégico prevê custos com difusão da cultura organizacional da empresa. Se vem um PM reclamar, explico a diferença, deixo um mico na mão do guarda e tudo se resolve”. Ergue os dois polegares, força uma piscadela para mim e sopra um “vai, vai, agora vai”, na minha direção. Na promoção, arquibancada a cento e vinte.