CORES
Certas cenas têm cor própria, que qualquer par de olhos, ainda que destreinado, consegue distinguir.
É amarelo o trânsito de corpos nas áreas de lazer espalhadas pela cidade em busca de uma sobrevida num corpo saudável, assim como é branco os lábios entreabertos dos fiéis ao receberem a eucaristia das mãos do sacerdote. E quando os carros são forçados a parar num engarrafamento qualquer, é verde a cor que toma conta dos motoristas embaçando-lhes a vista.
Pedro observando Mariana na cozinha de azulejos azuis e piso de fórmica branca era vermelho. Vermelho da paixão de Pedro desconcertado, olhos fixos nos detalhes de Mariana. Os contornos de seu corpo e as nuances de sua personalidade revelam para ele uma mulher indecifrável, o que o faz mais e mais refém daquele amor. Para seu desespero, ela jamais haveria de precisar dele, depender dele, com a mesma intensidade da recíproca.
A independência pulsante de Mariana é uma mancha bege no rubor que aflora em Pedro. Corrói-lhe a falta que sente do escarlate puro, sem máculas, e ele passa a enxergar apenas a pureza que já houve em seu olhar sobre a mulher. O amor em Pedro é querer de volta o vermelho vivo de antes, fazer sumir o bege.
Os passos na direção dela são inevitáveis. É preciso aproximar-se e a todo custo apagar as manchas. Purificar Mariana. Tão bonita a mulher, de movimentos leves e ritmados, em cujas mãos a lâmina da faca de cozinha tem a desenvoltura de uma bailarina. Pedro colado ao corpo de Mariana. Os olhos dela tomados por lágrimas. Sumiram as manchas. Só Mariana. Apenas Pedro.
- Bem perto assim de mim, você fica linda cortando cebolas.
É amarelo o trânsito de corpos nas áreas de lazer espalhadas pela cidade em busca de uma sobrevida num corpo saudável, assim como é branco os lábios entreabertos dos fiéis ao receberem a eucaristia das mãos do sacerdote. E quando os carros são forçados a parar num engarrafamento qualquer, é verde a cor que toma conta dos motoristas embaçando-lhes a vista.
Pedro observando Mariana na cozinha de azulejos azuis e piso de fórmica branca era vermelho. Vermelho da paixão de Pedro desconcertado, olhos fixos nos detalhes de Mariana. Os contornos de seu corpo e as nuances de sua personalidade revelam para ele uma mulher indecifrável, o que o faz mais e mais refém daquele amor. Para seu desespero, ela jamais haveria de precisar dele, depender dele, com a mesma intensidade da recíproca.
A independência pulsante de Mariana é uma mancha bege no rubor que aflora em Pedro. Corrói-lhe a falta que sente do escarlate puro, sem máculas, e ele passa a enxergar apenas a pureza que já houve em seu olhar sobre a mulher. O amor em Pedro é querer de volta o vermelho vivo de antes, fazer sumir o bege.
Os passos na direção dela são inevitáveis. É preciso aproximar-se e a todo custo apagar as manchas. Purificar Mariana. Tão bonita a mulher, de movimentos leves e ritmados, em cujas mãos a lâmina da faca de cozinha tem a desenvoltura de uma bailarina. Pedro colado ao corpo de Mariana. Os olhos dela tomados por lágrimas. Sumiram as manchas. Só Mariana. Apenas Pedro.
- Bem perto assim de mim, você fica linda cortando cebolas.