DOIS ANOS
Os dois decidem e juntam-se. O que foi? Impulso? Amor? Certamente os dois. Embriagar-se de amor tão somente contemplativo transforma o outro numa paisagem admirável. Impulso sem o amor por mola dá por fruto uns pulos pequenininhos. Daí começa. Avança e pára. Recomeça. Felicidade? Plenitude? Cruzar uma correnteza significa que falta menos rio até chegarmos na outra margem. Mas a felicidade não está em completar a travessia. É se manter nadando. Se é uma travessia a dois, é se manter nadando por amor. Eu tantas vezes fui a pique e busquei sua mão. Que esteve lá todas as vezes. Sempre que a encontrei voltei mais leve, menos fácil de descer ao fundo. Hoje, meu maior presente são esses dois anos. Cada partezinha deles. As duas crianças. Quem eu sou hoje por sua causa. Quem mais e mais vou sendo. Por isso agradeço. Por isso prometo. Não vou para de bater as pernas. Não vou deixar os braços pesarem. Por amor. Por nós dois. Por mim. Cada vez mais rápido. Na velocidade de que precisamos.