Seminovos e usados

EM TENTATIVA

Pessoal

Mora no Rio de Janeiro. Carioca adotivo, faz umas coisas por aí e já quis escrever com alguma disciplina, razão de ser desse blogue.

A Foto

No cabeçalho do blogue são três britânicos vasculhando os destroços da biblioteca de Holland House, em Londres, outubro de 1940, após bombardeio alemão. Nove em cada nove espíritos elevados concordam que entre uma bomba e outra há sempre espaço para uma flûte de champagne, um passeio de olhos em prateleiras repletas de livros e uma boa leitura. Sem dúvida.

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sábado, março 26, 2011

QUEM

As manchas que terão que ser lavadas.
As mesas presas ao chão da sala.
As plantas sob o prédio em forma de disco voador que nunca tomam sol.
O passarinho que atravessa com seu bico o olho de um outro.
Os meninos desperdiçados em suas infinitas inteligências.
Existir sem expectativas, julgamentos, desejos, cloro, clamídia, desvios, retornos, remorsos, imundícies, flores, apegos, azougues e gostos.
O corpo como fonte de prazeres.
O sexo como fim da angústia.
O novo mundo do novo homem.
Os jovens largados no capim.

Ah! a Lu, que é Luminar.
E a Ju, que é Juvenília.

As pernas salvas pelo gozo
as pontas sempre em vão
os pedidos entrecortados
o riso impedido e à mostra
o não arbítrio
o nada dito, nada feito
o achado em forma de gema,
os gametas, a goma, o gongo, o gonzo, o gânglio, as gôndolas, o engasgado da língua lânguida.
Os hieroglifos encontrados sob a pele de lycra e lingerie.
Um pé de tamarindo.
Aquele barco ali no porto
Aquele

E o demônio amigo meu à porta
Com a santa minha moça à venda.

Um naufrágio alheio
em que nada disso é o que sou,
nem há partes de mim,
enquanto me movo
sentindo o peso de ilusões,
de sonhos teimosos,
desejados e cruéis.

Um retrato arisco
em que não sou quem está,
ou quem a voz impõe,
nem sou quem mordisca
uns talinhos de surpresa
e atiça a morte
com a solidão.

Não.

Fui ver e não

Esse é outro.
Deve ser outro.

Inverso e análogo outro
que engana.
Diamétrico e torpe, outro
que ama.

Autológico outro
que não divisa, atrai

que ma(i)s

Deve ser quem
Decerto quem

segunda-feira, março 21, 2011

BENE EST RENATÍSSIMA, TUO DOUGLAS

Estou feliz, Renatíssima, seu louco Douglas
novamente conseguiu: encontrou alguém
e minha imagem de uma mulher inteira
passeia pelas ruas no Rio de Janeiro,
linda, e me encontra quando é possível e
sei lá se me ama. Ah, não pense que estou maluco.
Você está de cara comigo. Pelos meus rompantes?
Caminhando reto, é tão fácil não ter visões;
mas quando nos tocamos eu vejo sentido.




PS: A partir de Ginsberg e Catulo.

quarta-feira, março 16, 2011

RUMOS

Que graça, Patrícia,
o artista
nave de rumo incerto,
construção ao ponto
de refazer-se
a si

Que graça, Patrícia,
o palco
solo molhado a gotas
multidão a postos
de antemão
e após

Que graça, Patrícia,
o troço
salto na arte à mostra
reinvento feito
de abismo
e amor

Que força, Patrícia,
a graça
imposta aos olhos
prestes a ver
o visto
(ou não?)

Que a prova de ser
artista
dá-se no si

e doa
como doer
a quem, Patrícia,

(comover)

E a forma de por
modo
é feita

do como
que é,
sabe, Patrícia,

você.